Implementação de Década Oceânica mantém desigualdade entre países do Norte e Sul Global
A Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, lançada em 2021 pelas Nações Unidas, é uma grande oportunidade de promover a equidade dos países do Sul Global no acesso global a dados, conhecimentos e tecnologias marinhas. Mas isso não é o que vem acontecendo. Os principais relatórios ambientais globais sobre o oceano, incluindo aqueles do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), são predominantemente produzidos por autores do Norte Global. E a implementação da Década Oceânica não alterou esse quadro.
Essa é a conclusão de estudo “Hope for an accessible ocean: Blue justice and ocean science diplomacy central to the outcome of the UN Decade of Ocean Science”, publicado na Revista Científica Marine Policy, de autoria do pesquisador brasileiro Andrei Polejack, diretor e membro da rede de pesquisadores INPO (Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas) em cooperação com mais cinco pesquisadoras de várias partes do mundo.
Os autores alertam que embora a Década Oceânica seja uma grande oportunidade para modificar o quadro de desigualdade, sua implementação está perpetuando esse cenário de desigualdade. Através da análise da distribuição da autoria nos principais relatórios globais que informam a Diplomacia, aliada à análise de instrumentos internacionais de gestão do oceano, eles identificaram que a Década peca em reforçar o legado colonial existente e as exclusões perpetuadas por ele.
Necessidade de medidas urgentes para reduzir desigualdades
Os autores sugerem que para atingir os objetivos finais da Década e alcançar a Agenda 2030 das Nações Unidas (e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável interligados) é necessária uma mudança urgente que garanta a representação adequada de especialistas do Sul Global em relatórios sobre processos de tomada de decisão. Isso exige enfrentar desigualdades estruturais e ampliar o acesso do Sul Global ao conhecimento e à tecnologia oceânica.
Para alterar esse cenário de desigualdades, são sugeridas algumas medidas essenciais que poderiam ser adotadas pela Década do Oceano. São elas:
- Reconhecimento do legado colonial: É preciso admitir que as desigualdades no acesso à ciência oceânica são um reflexo de estruturas históricas de poder.
- Maior representatividade do Sul Global: Programas e projetos devem garantir maior participação de cientistas de países em desenvolvimento.
- Transferência de tecnologia: É necessário fortalecer a cooperação internacional para que países com menor capacidade técnica tenham acesso a tecnologias marinhas avançadas.
- Valorização do conhecimento tradicional: O envolvimento de comunidades locais e indígenas na pesquisa oceânica pode trazer perspectivas essenciais para a gestão sustentável dos oceanos.
- Financiamento sustentável: Deve-se criar mecanismos de apoio financeiro para garantir que países em desenvolvimento possam fortalecer sua infraestrutura científica.
Para ler o artigo completo, acesse: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0308597X25000545?dgcid=coauthor
Andrei Polejack
Andrei Polejack é diretor e membro da rede de pesquisadores INPO (Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas).
A Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, lançada em 2021 pelas Nações Unidas, é uma grande oportunidade de promover a equidade dos países do Sul Global no acesso global a dados, conhecimentos e tecnologias marinhas. Mas isso não é o que vem acontecendo. Os principais relatórios ambientais globais sobre o oceano, incluindo aqueles do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), são predominantemente produzidos por autores do Norte Global. E a implementação da Década Oceânica não alterou esse quadro.
Essa é a conclusão de estudo “Hope for an accessible ocean: Blue justice and ocean science diplomacy central to the outcome of the UN Decade of Ocean Science”, publicado na Revista Científica Marine Policy, de autoria do pesquisador brasileiro Andrei Polejack, diretor e membro da rede de pesquisadores INPO (Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas) em cooperação com mais cinco pesquisadoras de várias partes do mundo.
Os autores alertam que embora a Década Oceânica seja uma grande oportunidade para modificar o quadro de desigualdade, sua implementação está perpetuando esse cenário de desigualdade. Através da análise da distribuição da autoria nos principais relatórios globais que informam a Diplomacia, aliada à análise de instrumentos internacionais de gestão do oceano, eles identificaram que a Década peca em reforçar o legado colonial existente e as exclusões perpetuadas por ele.
Necessidade de medidas urgentes para reduzir desigualdades
Os autores sugerem que para atingir os objetivos finais da Década e alcançar a Agenda 2030 das Nações Unidas (e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável interligados) é necessária uma mudança urgente que garanta a representação adequada de especialistas do Sul Global em relatórios sobre processos de tomada de decisão. Isso exige enfrentar desigualdades estruturais e ampliar o acesso do Sul Global ao conhecimento e à tecnologia oceânica.
Para alterar esse cenário de desigualdades, são sugeridas algumas medidas essenciais que poderiam ser adotadas pela Década do Oceano. São elas:
- Reconhecimento do legado colonial: É preciso admitir que as desigualdades no acesso à ciência oceânica são um reflexo de estruturas históricas de poder.
- Maior representatividade do Sul Global: Programas e projetos devem garantir maior participação de cientistas de países em desenvolvimento.
- Transferência de tecnologia: É necessário fortalecer a cooperação internacional para que países com menor capacidade técnica tenham acesso a tecnologias marinhas avançadas.
- Valorização do conhecimento tradicional: O envolvimento de comunidades locais e indígenas na pesquisa oceânica pode trazer perspectivas essenciais para a gestão sustentável dos oceanos.
- Financiamento sustentável: Deve-se criar mecanismos de apoio financeiro para garantir que países em desenvolvimento possam fortalecer sua infraestrutura científica.
Para ler o artigo completo, acesse: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0308597X25000545?dgcid=coauthor

Andrei Polejack
Andrei Polejack é diretor e membro da rede de pesquisadores INPO (Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas).