Monitoramento da costa brasileira aponta aquecimento do oceano a partir de 2019
Há duas décadas, um grupo de pesquisadores brasileiros, em parceria com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA), vem monitorando de forma contínua a Corrente do Brasil (CB), um dos principais sistemas de circulação oceânica do Atlântico Sul. Os resultados do monitoramento revelam tendências preocupantes. O estudo identificou um aumento na frequência de eventos de aquecimento na região da CB, especialmente após 2019, sugerindo um possível aquecimento regional.
As análises indicam que, durante esses eventos, as águas quentes atingem camadas profundas do oceano, o que pode trazer consequências significativas para a biodiversidade e a circulação oceânica. Por outro lado, os períodos de resfriamento parecem estar se tornando menos frequentes e mais superficiais, confinados aos primeiros 100 metros da coluna d’água.
Pesquisa desvenda como corrente se comporta sob condições de aquecimento e resfriamento
Essa pesquisa utiliza a mais longa série de observações sobre essa corrente marítima, fundamental para o equilíbrio climático e oceanográfico da região. A CB é uma corrente oceânica quente e salina que flui ao longo da costa leste do Brasil, transportando águas da região equatorial para o sul do Atlântico. Ela faz parte do Giro Subtropical do Atlântico Sul, que é um grande sistema de circulação oceânica responsável por distribuir calor e influenciar o clima global. A CB desempenha um papel essencial nos processos de variabilidade oceânica e mudanças climáticas.
Os dados coletados nos últimos vinte anos permitem compreender melhor como essa corrente se comporta sob condições extremas de aquecimento e resfriamento dos oceanos. Para coleta dos dados, a pesquisa utilizou Batitermógrafos Descartáveis (XBTs) para medir a temperatura da água em diferentes profundidades do mar, numa rota específica entre o Rio de Janeiro e Ilha de Trindade (no transecto AX97).
Monitoramento traz informações relevantes para a economia brasileira
Outro impacto significativo do monitoramento contínuo é que ele colhe informações importantes para a economia brasileira. A região da corrente abriga grandes reservas de petróleo, além de ecossistemas de alto valor ecológico, como o Banco dos Abrolhos. A compreensão detalhada da dinâmica oceânica local pode auxiliar na prevenção de desastres ambientais, como derramamentos de óleo, e na preservação da biodiversidade marinha.
Além das mudanças de temperatura, os pesquisadores detectaram a presença recorrente de vórtices oceânicos, que são redemoinhos gigantes de água que se formam naturalmente nos oceanos devido a variações da posição da CB e fatores externos como mudanças na orientação de costa. O estudo indicou uma formação dessas feições mais frequentes no verão.
Esses redemoinhos de água influenciam a circulação da CB e afetam a produtividade marinha ao distribuir nutrientes e calor. Os dados indicam que aproximadamente 30% das campanhas realizadas registraram a ocorrência dessas estruturas, reforçando a complexidade da dinâmica oceânica na região.
Agência americana NOAA participou de estudo junto com universidades brasileiras
O estudo contou com a colaboração de universidades brasileiras, da Marinha do Brasil e da NOAA/AOML ( National Oceanic and Atmospheric Administration / Atlantic Oceanographic and Meteorological Laboratory), uma agência do governo dos Estados Unidos responsável por monitorar e estudar as condições do oceano, do clima e da atmosfera.
Os pesquisadores alertam que a continuidade do projeto AX97 e sua expansão para incluir novas medições, como parâmetros atmosféricos e circulação costeira, garantem que o Brasil continue na vanguarda dos estudos oceanográficos.
– O investimento na pesquisa oceânica e no monitoramento de longo prazo é um passo essencial para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e garantir um futuro sustentável para o país, afirma Mauro Cirano, um dos pesquisadores que participam do projeto e membro do Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (INPO).
Ele ressalta que os dados coletados são fundamentais para a previsão oceânica, contribuindo para a melhoria de modelos climáticos e meteorológicos usados por centros globais. Além disso, essas informações são essenciais para a formulação de políticas públicas voltadas para a adaptação às mudanças climáticas e a proteção das comunidades costeiras.
* Notícia com base no artigo “TWENTY YEARS MONITORING THE BRAZIL CURRENT ALONG THE NOAA AX97 HIGH-DENSITY XBT TRANSECT” , publicado na revista Oceanography. O estudo aborda a variabilidade e a estrutura da CB ao longo dos últimos 20 anos, utilizando dados coletados pelos cruzeiros do MOVAR.
>>O estudo foi liderado por @tayannepires (MOVAR-UFRJ), e contou com a colaboração de diversos pesquisadores como: @paulamarangoni (MOVAR-UFRJ), @mauro.cirano (Coordenador do MOVAR – IGEO/UFRJ), Afonso Paiva (COPPE/UFRJ), @sambcruz (IGEO/UFRJ), @pedroopaulof (UFPR), @marlosgoes (NOAA/AOML) e @ocmauriciomata (FURG).
Mauro Cirano
Há duas décadas, um grupo de pesquisadores brasileiros, em parceria com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA), vem monitorando de forma contínua a Corrente do Brasil (CB), um dos principais sistemas de circulação oceânica do Atlântico Sul. Os resultados do monitoramento revelam tendências preocupantes. O estudo identificou um aumento na frequência de eventos de aquecimento na região da CB, especialmente após 2019, sugerindo um possível aquecimento regional.
As análises indicam que, durante esses eventos, as águas quentes atingem camadas profundas do oceano, o que pode trazer consequências significativas para a biodiversidade e a circulação oceânica. Por outro lado, os períodos de resfriamento parecem estar se tornando menos frequentes e mais superficiais, confinados aos primeiros 100 metros da coluna d’água.
Pesquisa desvenda como corrente se comporta sob condições de aquecimento e resfriamento
Essa pesquisa utiliza a mais longa série de observações sobre essa corrente marítima, fundamental para o equilíbrio climático e oceanográfico da região. A CB é uma corrente oceânica quente e salina que flui ao longo da costa leste do Brasil, transportando águas da região equatorial para o sul do Atlântico. Ela faz parte do Giro Subtropical do Atlântico Sul, que é um grande sistema de circulação oceânica responsável por distribuir calor e influenciar o clima global. A CB desempenha um papel essencial nos processos de variabilidade oceânica e mudanças climáticas.
Os dados coletados nos últimos vinte anos permitem compreender melhor como essa corrente se comporta sob condições extremas de aquecimento e resfriamento dos oceanos. Para coleta dos dados, a pesquisa utilizou Batitermógrafos Descartáveis (XBTs) para medir a temperatura da água em diferentes profundidades do mar, numa rota específica entre o Rio de Janeiro e Ilha de Trindade (no transecto AX97).
Monitoramento traz informações relevantes para a economia brasileira
Outro impacto significativo do monitoramento contínuo é que ele colhe informações importantes para a economia brasileira. A região da corrente abriga grandes reservas de petróleo, além de ecossistemas de alto valor ecológico, como o Banco dos Abrolhos. A compreensão detalhada da dinâmica oceânica local pode auxiliar na prevenção de desastres ambientais, como derramamentos de óleo, e na preservação da biodiversidade marinha.
Além das mudanças de temperatura, os pesquisadores detectaram a presença recorrente de vórtices oceânicos, que são redemoinhos gigantes de água que se formam naturalmente nos oceanos devido a variações da posição da CB e fatores externos como mudanças na orientação de costa. O estudo indicou uma formação dessas feições mais frequentes no verão.
Esses redemoinhos de água influenciam a circulação da CB e afetam a produtividade marinha ao distribuir nutrientes e calor. Os dados indicam que aproximadamente 30% das campanhas realizadas registraram a ocorrência dessas estruturas, reforçando a complexidade da dinâmica oceânica na região.
Agência americana NOAA participou de estudo junto com universidades brasileiras
O estudo contou com a colaboração de universidades brasileiras, da Marinha do Brasil e da NOAA/AOML ( National Oceanic and Atmospheric Administration / Atlantic Oceanographic and Meteorological Laboratory), uma agência do governo dos Estados Unidos responsável por monitorar e estudar as condições do oceano, do clima e da atmosfera.
Os pesquisadores alertam que a continuidade do projeto AX97 e sua expansão para incluir novas medições, como parâmetros atmosféricos e circulação costeira, garantem que o Brasil continue na vanguarda dos estudos oceanográficos.
– O investimento na pesquisa oceânica e no monitoramento de longo prazo é um passo essencial para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e garantir um futuro sustentável para o país, afirma Mauro Cirano, um dos pesquisadores que participam do projeto e membro do Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (INPO).
Ele ressalta que os dados coletados são fundamentais para a previsão oceânica, contribuindo para a melhoria de modelos climáticos e meteorológicos usados por centros globais. Além disso, essas informações são essenciais para a formulação de políticas públicas voltadas para a adaptação às mudanças climáticas e a proteção das comunidades costeiras.
* Notícia com base no artigo “TWENTY YEARS MONITORING THE BRAZIL CURRENT ALONG THE NOAA AX97 HIGH-DENSITY XBT TRANSECT” , publicado na revista Oceanography. O estudo aborda a variabilidade e a estrutura da CB ao longo dos últimos 20 anos, utilizando dados coletados pelos cruzeiros do MOVAR.
>>O estudo foi liderado por @tayannepires (MOVAR-UFRJ), e contou com a colaboração de diversos pesquisadores como: @paulamarangoni (MOVAR-UFRJ), @mauro.cirano (Coordenador do MOVAR – IGEO/UFRJ), Afonso Paiva (COPPE/UFRJ), @sambcruz (IGEO/UFRJ), @pedroopaulof (UFPR), @marlosgoes (NOAA/AOML) e @ocmauriciomata (FURG).
