INSTITUIÇÃO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

INPO organiza expedição inédita para conhecer as profundezas do Atlântico Sul

Os desafios e as oportunidades para a exploração do Atlântico profundo, um lugar tão desconhecido ao olhar humano quanto o espaço.

O diretor do INPO, Segen Estefen (centro), abre os debates ao lado do CEO da Ocean Quest, Martin Vsbeck, e o Diretor de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil, vice-admiral Marco Antônio Linhares Soares. Fotógrafo: Douglas Schineidr
27 DE MARçO, 2025
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O Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (INPO) se dedica ao assunto, reunindo cientistas, pesquisadores, especialistas e empresas do setor para desvendar o Atlântico profundo, especialmente na costa brasileira. Essas temáticas foram debatidas durante o Workshop Internacional sobre Pesquisa no Oceano Profundo, que aconteceu entre os dias 17 e 19 de março, no Rio. 

“O mundo só conhece 20% de toda a profundeza dos oceanos e no Atlântico Sul essa proporção é ainda menor. Um dos objetivos da criação do INPO é reunir o saber científico já obtido até agora e promover a troca de conhecimento. Ampliar o conhecimento sobre o Oceano Profundo é importante não só para o Brasil, mas para a humanidade”, afirma Segen Estefen, diretor-geral do INPO.  

O INPO, em parceria com a fundação saudita OceanQuest, será responsável pela  expedição científica que será realizada nas montanhas submarinas da Cadeia Vitória-Trindade (CVT) no segundo semestre deste ano, a três mil metros de profundidade. A viagem é inédita no país.  

“Essa cadeia de seamounts, montanhas submersas de origem vulcânica, formam um ambiente muito propício a diferentes formas de vida, além de terem grande diversidade biológica e geológica. Conhecer essa região nos dá também uma visão muito importante para entender fenômenos que já nos impactam diretamente”, explica Estefen. 

O maior desafio para ampliar o conhecimento sobre o Oceano Profundo no Brasil é tecnológico. A parceria com a OceanQuest vai permitir o uso de tecnologias como os ROVs (Remotely Operated Vehicles – Veículos Operados  Remotamente) para estudar regiões inacessíveis ao ser humano. 

“Esses submarinos robóticos não tripulados são controlados a partir de um  navio de pesquisa.  São equipamentos complexos e caros, então é preciso uma infraestrutura especializada”, explica Martin Visbeck, CEO da OceanQuest.

Tecnologias, aquecimento global e biodiversidade

Mais de 700 espécies de animais já foram catalogadas no Oceano Profundo. São seres que vivem em corais ou estruturas semelhantes. “Entender essa biodiversidade pode nos abrir muitas possibilidades. Conhecer, por exemplo, como animais conseguem sobreviver com tamanha pressão da água. Isso pode trazer respostas para muitas questões científicas e biológicas”, comenta Andrei Polejack, diretor de Pesquisa e Inovação do INPO. 

O impacto do aquecimento global no Oceano Profundo e as novas tecnologias que possibilitam a exploração do Atlântico Sul também estão na pauta do INPO. 

“Conseguimos reunir especialistas nos principais temas que envolvem o Oceano Profundo, apresentando não só as pesquisas na área, mas também as oportunidades e os desafios técnicos. É um tipo de ciência que demanda uma infraestrutura grandiosa. Com investimento, o Brasil tem a oportunidade de se tornar um player global e isso ficou muito claro durante o evento”, afirmou Janice Trotte Duhá, diretora de Infraestrutura e Operações do INPO.

Sobre o INPO 

O Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (INPO) é a mais nova Organização Social do  MCTI. Inteiramente dedicado à pesquisa e desenvolvimento do oceano, o Instituto conta com uma rede de cerca de 100 pesquisadores ligados às principais universidades e institutos de pesquisa do país.  

Referência nacional sobre o tema oceano, o INPO tem como missão promover as ciências do mar viabilizando o enfrentamento dos desafios nacionais nessa área, incluindo as mudanças climáticas. Com base em conhecimento técnico-científico, o INPO contribui com subsídios científicos para formulação de políticas públicas para beneficiar a sociedade brasileira e ampliar o papel do Brasil no cenário internacional, em prol de um oceano sustentável.