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Meta de aquecimento máximo de 1,5°C pode ser insuficiente para frear aumento do mar, diz estudo

21 DE MAIO, 2025
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Mesmo que o mundo consiga limitar o aquecimento global a 1,5°C — meta estabelecida pelo Acordo de Paris —, o nível do mar deve continuar subindo de forma significativa nas próximas décadas. O estudo publicado na revista científica do grupo Nature Communications Earth and Environment, alerta para o risco de colapso das calotas polares, especialmente na Groenlândia e na Antártida, mesmo com o cumprimento das metas climáticas atuais. Segundo os pesquisadores, o aquecimento de 1,2°C, observado desde a era pré-industrial, pode ser suficiente para desencadear um derretimento irreversível das massas de gelo, elevando o nível do mar em vários metros ao longo dos séculos. 

A pesquisa, conduzida por cientistas de universidades do Reino Unido e dos Estados Unidos, analisou dados de satélites, modelos climáticos e registros geológicos para avaliar o comportamento das calotas de gelo em períodos de aquecimento passados. O estudo identificou que, desde a década de 1990, a perda de massa das camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida quadruplicou e hoje perdem cerca de 370 bilhões de toneladas por ano. As conclusões indicam que, mesmo com a limitação do aquecimento a 1,5°C, a perda de massa das calotas deve continuar e se acelerar, tornando inevitável a elevação do nível do mar. Para se evitar o colapso de calotas polares seria necessário limitar o aquecimento a algo próximo de 1°C dos níveis pré-industriais.

Os autores destacam que cada fração de grau evitada pode reduzir os impactos futuros, mas alertam que a meta atual pode não ser suficiente para proteger as populações costeiras. O estudo destaca que pelo menos 230 milhões de pessoas vivem, atualmente, a cerca de um metro do mar. As consequências desse cenário incluem a migração forçada de comunidades costeiras, além de danos econômicos significativos. É estimado que uma elevação de apenas 20 centímetros no nível do mar até 2050 possa resultar em prejuízos anuais de US$1 trilhão em grandes cidades próximas ao mar. Diante disso, os cientistas enfatizam a necessidade de ações mais enfáticas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e limitar o aquecimento global a níveis ainda mais baixos, a fim de frear os impactos do aumento do nível do mar.