Ondas de calor marinhas e nível do mar ameaçam o Pacífico, aponta relatório da OMM
sunset on the beach
09 DE JUNHO, 2025
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O “Relatório do Estado do Clima no Pacífico Sudoeste de 2024”, da Organização Meteorológica Mundial (OMM), apontou que o Pacífico Sudoeste enfrenta uma crise climática sem precedentes. O ano de 2024 registrou o aquecimento oceânico mais elevado da história na região, impactando severamente ecossistemas e economias locais. As temperaturas da superfície do mar atingiram patamares recordes, sinalizando um cenário alarmante para as comunidades costeiras.
As ondas de calor marinhas se estenderam por uma área de quase 40 milhões de quilômetros quadrados, equivalente a mais de 10% da superfície global do oceano. As águas mais quentes prejudicam a vida marinha e os recifes de coral, que são vitais para a subsistência de muitas ilhas da região. O impacto é sentido por ecossistemas que dependem de um equilíbrio térmico para sobreviver e prosperar.
Eventos climáticos causam impactos devastadores
Um artigo publicado em novembro de 2024 na revista Nature, que tem como coautora a professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e membro da rede de pesquisadores do INPO e Regina Rodrigues, já havia constatado que as ondas de calor marinhas tiveram um impacto severo e generalizado nos ecossistemas marinhos em diversas regiões oceânicas globais. Isso ressalta a necessidade de aprofundar nosso conhecimento sobre como esses fenômenos funcionam e como antecipá-los.
Além do aquecimento do oceano, o relatório da OMM destaca que 2024 foi o ano mais quente já registrado no Pacífico Sudoeste, com temperaturas aproximadamente 0,48°C acima da média registrada entre 1991 e 2020. Eventos climáticos extremos, como chuvas intensas e secas prolongadas, causaram impactos devastadores. A região também testemunhou uma série recorde de ciclones tropicais, especialmente nas Filipinas.
Dados referentes a temperaturas anuais vêm sendo registradas de forma constante ao longo dos anos
Aquecimento oceânico provoca elevação do nível do mar
A elevação do nível do mar representa uma ameaça existencial para nações insulares inteiras, especialmente aquelas com mais da metade da população vivendo perto da costa. Essa elevação, que excede as médias globais na região do Pacífico, leva ao aumento das inundações costeiras, recuo da linha da costa e contaminação de fontes de água doce. Estima-se que anualmente, ao menos 50 mil habitantes das ilhas do Pacífico correm o risco de deslocamento por causa dos efeitos das mudanças climáticas.
A situação é ainda mais grave com o derretimento acelerado de geleiras, como o último glaciar tropical remanescente na Nova Guiné, na Indonésia, que pode entrar em extinção em 2026, caso continue perdendo gelo no mesmo ritmo. A combinação do aquecimento oceânico, da elevação do nível do mar e dos eventos climáticos extremos está minando o desenvolvimento socioeconômico e ameaçando a segurança alimentar e hídrica de milhões de pessoas.
Diante desse cenário crítico, a OMM ressalta a urgência de fortalecer os sistemas de alerta precoce e implementar ações de antecipação para ajudar as comunidades a se prepararem para responder aos desastres. No entanto, a organização enfatiza que o tempo para reverter a situação está se esgotando, e a colaboração internacional é indispensável para construir resiliência e adaptação a um clima que muda cada vez mais rápido.
Ondas de calor e nível do mar são indicadores de mudanças climáticas
As descobertas do relatório sublinham a necessidade de estratégias de adaptação regionais e nacionais robustas. O aumento das temperaturas oceânicas e a elevação do nível do mar são indicadores claros de que as mudanças climáticas estão avançando a passos largos, exigindo ações imediatas e coordenadas para proteger as populações e os ecossistemas mais vulneráveis.